Ave Maria é uma versão popular e muito conhecida do texto em Latim da prece Ave Maria.
Foi publicada pela primeira vez em 1853, sob o nome Meditação sobre o Primeiro Prelúdio para Piano de Bach.
Esta peça inclui uma melodia do compositor romântico francês Charles Gounod, especialmente desenhada para se sobrepôr ao Prelúdio Nº1 em Dó maior de Bach, do livro "The Well Tempered Clavier" escrito 137 anos antes. Apesar de ser atribuído a Gounod, aparentemente na realidade não foi ele que escreveu esta peça, mas antes terá sido o seu sogro Pierre-Joseph-Guillaume Zimmermann que trancreveu a improvisação de Gounod.
Anteriormente apresentei o Prelúdio Nº1 de Bach na sua versão "pura". Aqui fica então a "Ave Maria" de Gounod sobreposta ao prelúdio, interpretada por David Paqualini.
E como presente, a versão fantástica de Bobby McFerrin:
O noturno Nº1 de Chopin, Opus 9 Nº1, é uma peça que merece ser ouvida vezes sem conta. Já mostrei aqui a interpretação de Maria João Pires.
Hoje trago o pianista chinês Yundi Li, nascido em 1982, o mais jovem pianista a ter ganho o concurso International Chopin Piano Competition, em 2000, com apenas 18 anos.
O video foi gravado na Polónia, em Fevereiro de 2010, no recital em memória dos duzentos anos sobre o nascimento de Chopin.
A sonata Nº9 de Beethoven continua a representar o seu primeiro período .
Dedicada à Baronesa Josefa von Braun, foi composta em 1798 e estende-se por três andamentos.
Apesar da sua aparente simplicidade, esta sonata introduz o "Strum und Drang" (tempestade e ímpeto), característica tantas vezes identificada com Beethoven. Ele consegue juntar drama e emoções, nos contrastes entre as passagens líricas e as mais texturadas. Além disso, os contrastes e variações entre modos maiores e menores são inovações que mostram bem como Beethoven trouxe o fim da era clássica e iniciou o romantismo.
A interpretação é, como sempre, de Daniel Barenboim, nos ceus concertos da Statsoper de Berlin.
Eyolf Dale é um pianista de jazz norueguês, que tem ganho vários prémios. O seu primeiro album "Hotel Interludes" é uma obra a solo, editada em Setembro de 2011.
"Prolleprepp" é um tema do album, escrita pelo próprio Dale, sendo o título inspirado pelas alterações que faz no piano, com peças em borracha e instrumentos de afinação.
Alan Broadbent, pianista de compositor de jazz neo-zelandês, tornou-se conhecido pelas suas colaborações com Charlie Haden, Woody Herman, Chet Baker, Natalie Cole, Bud Shank e muitos outros.
Nos anos 90 integra o "Quartet West" de Charlie Haden e é dessa fase que trago um video:
Gravado no Heineken Concerts noTeatro Alfa de São Paulo em 1999
Além de Charlie Haden (baixo), estavam presentes Larance Marable (bateria) e o inconfundível Ernie Watts no sax.
O tema é "Hello My Lovely" de Charlie Haden.
Outro tema do mesmo concerto, onde desta vez o principal protagonista é o próprio Ernie Watts, no sax, é "First Song For Ruth"
Ernie Watts, saxofonista, é também o intérprete da versão do tema de Vangelis "Abraham's Theme", que todos conhecemos, uma vez que foi o tema escolhido para abertura do programa "Oceano Pacífico" da RFM.
E finalmente, claro, a própria versão de Vangelis que incorpora a banda sonora do filme "Chariots of Fire"
Gary Moore (1952-2011), músico irlandês, intérprete e guitarrista, ficou conhecido pelos seus solos de guitarra, dos quais o mais famoso é sem dúvida "Parisienne Walkaways" composta com Phil Lynott.
"Parisienne Walkways" é um tema de 1979 que integrou o album "Back on the streets" de Gary Moore, e tem na sua versão original a voz do próprio Phil Lynott. A melodia é baseada no standard de jazz Blue Bossa de Kenny Dorham.
A versão em piano que aqui trago é de Rob
Smallwood, pianista que tem ganho fama pelas suas versões de temas
famosos, e que tem disponibilizado na internet.
Para quem ficar curioso comn a versão original, aqui fica um video do próprio Gary Moore, ao vivo no Monsters Of Rock em Sheffield.
O mesmo concerto, Concerto Nº1 para piano de Beethoven, inspirou Gabriela Montero para um improviso fantástico que mantém intocável o sabor de Beethoven.
Gravado na Chiesa Santa Maria degli Angioli, em Lugano, em 16 de Junho de 2003.
Além das sonatas, também os concertos para piano e orquestra de Beethoven são obras de invulgar beleza.
Hoje trago o Concerto Nº1 para piano, em Dó maior, Op 15 - primeiro andamento
O intérprete é Murray Perahia, que virá a Portugal, atuar na Gulbenkian, em Abril 2013. Acompanha-o a London Symphony Orchestra conduzida por Sir Georg Solti.
Já aqui trouxe o Prelúdio Nº2 de Bach (Prelúdio e Fuga Nº2 BMW.847 - Well tempered Clavier Nº1) e a sua versão jazzística de Matt Herskowitz (aqui).
Tanto a peça original como a versão de Matt Herskowitz foram utilizadas no delicioso filme de Sylvain Chomet, de 2003, "The Triplets of Belleville". A versão de Bach, no excerto do filme, é interpretada por Glenn Gould:
A versão de Matt Herskowitz, no filme, é interpretada pelo próprio:
E finalmente a versão da Banda Sonora Original: Jazzy Bach
Uma das mais conhecidas e extraordinárias sonatas de Beethoven é a "Patética", Sonata para piano n.º 8 em Dó menor, Opus 1.
Foi escrita em 1798, tinha Beethoven 27 anos, e publicada em 1799. Dedicada ao seu amigo Príncipe Karl von Lichnowsky, tomou o nome de "Patética" colocado polo editor que ficou impressionado com o caracter trágico das suas sonoridades.
Muitos musicólogos debatem se esta obra foi inspirada pela sonata para piano K. 457 de Mozart, uma vez que ambas as peças partilham o tom menor em Dó e têm três andamentos muito semelhantes. Especialmente o segundo andamento, "Adagio cantabile", utiliza um tema que evoca aquele que integra o amplo segundo andamento da sonata de Mozart. No entanto, na verdade, a sonata de Beethoven usa uma linha melódica exclusiva, o que a diferencia dos trabalhos de Haydn e de Mozart.
No seguimento das outras sonatas, aqui fica Daniel Barenboim num dos seus concertos na Statsoper de Berlim.
A Fantasia de Chopin em Fá menor, Op 49, é uma composição para piano num só andamento, composta em 1841. Chopin nesta obra dá largas à sua imaginação, livre dos limites próprios doutros tipos de composição.
Maria João Pires, uma das pianistas portuguesas com maior reconhecimento internacional, é para alguns uma das mais completas intérpretes de Chopin. Diz-se que toca Chopin como respira.
Depois da Lenda de 1900, trago outra colaboração entre o realizador Giuseppe Tornatore e o compositor Ennio Morricone. O tema "Il Vino e L'Uva" que faz parte da banda sonora original do filme de 1990 "Stanno Tutti Bene".
A versão é do Bernardo Sassetti em mais uma das Timbuktu Solo Sessions: a Nº 9
Segundo Bernardo:
"Aqui
fica uma homenagem a Ennio Morricone. Um arranjo para piano de um tema
seu, "quase" desconhecido, que anda meio perdido no filme Stanno Tutti
Bene de Giuseppe Tornatore. IL VINO E L'UVA, Maravilhoso e encantatório,
como toda a música que este compositor escreveu.
Uma das minhas
grandes memórias de infância foi ouvir pela primeira vez a banda sonora
do ERA UMA VEZ NA AMÉRICA. Inexplicável aquele tema lento que acompanha
todo o filme. Um milagre de subtileza e de inspiração...
"Let's Do It, Let's Fall in Love" (também conhecida como "Let's Do It (Let's Fall in Love)" or apenas"Let's Do It") é uma canção escrita em 1928 por Cole Porter. Surgiu no primeiro sucesso da Broadway de Porter, o musical "Paris" com a cantora francesa Irène Bordoni.
Foi a primeira das famosas canções de Porter "List Songs". A letra contém uma lista de comparações e exemplos mais ou menos absurdos, de emparelhamentos e duplos-sentidos retirados da cultura popular.
A canção teve inúmeras interpretações ao longo dos anos, com os versos mais ou menos alterados, tendo sido gravada por inúmeros artistas, tais como Louis Armstrong, Frank Sinatra, Alanis Morissette, Chico Buarque e Kim Basinger no filme de 1991 "The Marrying Man" .
Trago aqui a versão ao vivo de Diana Krall, onde ela começa pelo tema e depois se deixa embalar num improviso delicioso. Esta versão surge no DVBD de 2009 "Quiet Nights" e foi gravada ao vivo em Madrid.
Para experimentar a versão mais standard, escolhi Kim Basinger, num excerto do filme.
A Sonata Nº 7 de beethoven em Ré maior, Op 10 Nº 3 foi escrita em 1978 e dedicada à Condessa Anne Margarete von Browne.
As sonatas do Opus 10 são descritas geralmente como angulares ou experimentais, uma vez que Beethoven se estava a afastar progressivamente dos seus modelos iniciais. Esta terceira sonata do Opus 10 é a mais longa, com 24 minutos e quatro andamentos. O segundo andamento é famoso pelos seus ritmos lentos e trágicos enquadrados na sua beleza.
A gravação é a já habitual realizada na Stats Oper de Berlim. É composta por quatro andamentos: Andamento 1: Presto
Andamento 2: Largo e mesto em Ré menor
Andamento 3: Allegro - em Ré maior Sol maior Ré maior
No cinema o piano tem tido sempre um papel especial. Em muitos filmes tem um papel importante e, em alguns, é mesmo central para a história.
"The Legend of 1900" é um desses filmes. Realizado por Giuseppe Tornatore, igualmente autor do argumento, conta a história de um orfão chamado "Danny Boodman T. D. Lemon 1900" criado num navio de cruzeiro. A criança tem um dom especial para o piano e acaba por integrar a orquestra do navio. 1900 (Tim Roth) torna-se uma atracção tão importante que Jelly Roll Morton(Clarence Williams), pianista de jazz de New Orleans, auto-proclamado inventor do jazz, vem ao navio com a firme intenção de o desafiar para um duelo.
Não vou contar o resto do argumento e estragar o prazer de ver o filme mas tenho de afirmar que a cena do duelo de piano é memorável. Aqui fica:
A outra cena imperdível do filme acontece quando 1900 está a gravar pela primeira vez e vê uma jovem (The Girl - interpretada por Mélanie Thierry) a entrar no navio.
1900 fica enamorado e nesse momento compõe outra peça lindissima ("Playing Love" de Ennio Morricone). A gravação desta peça para o filme é de Gilda Butta, pianista italiana.
J. S. Bach, grande expoente da música do período clássico, compôs peças que seriam revisitadas inúmeras vezes, por artistas com orientações musicais muito diferentes.
Trago aqui Matt Herskowitz que toca o seu Bach à la Jazz com o seu trio no Jardim Botânico, em Bruxelas, Bélgica. A peça éo Prelúdio e Fuga Nº 2BWV.847 (Well Tempered Clavier N I)
E como contraponto, trago Grigory Sokolov interpretando a versão original.
Victor Borge nasceu em Copenhagen - Dinamarca - em 1909. Iniciou aulas de piano com a idade de dois anos e começou a tocar em concertos aos oito anos. Em 1927 deu o seu primeiro concerto mais sério na sala dinamarquesa Odd Fellow Palæet.
Após vários anos como pianista clássico, Victor Borge dedicou-se a espetáculos em que o humor e o piano se conjugavam de forma inédita.
Após a ocupação nazi da Europa, viaja para os EUA, onde retoma a sua carreira graças a Bing Crosby.
Apesar do humor ser a sua imagem de marca, Victor Borge era um pianista exímio, de uma grande versatilidade. Como primeira peça, trago aqui o Clair de Lune de Debussy, um dos poucos videos onde é possível encontrar Victor Borge tocando sem interrupções. De assinalar que tinha 80 anos à data deste concerto que teve lugar em 3 de Janeiro de 1989 no Wolf Trap em Virginia.
Não é possível ficar apenas com um improviso de Gabriela Montero.
No mesmo concerto, na Sala Rios Reyna em Caracas, no dia 20 de Fevereiro de 2004, como segundo encore, Gabriela tem este improviso fantástico, baseado no tema "El día que me quieras" (The day you love me) de Carlos Gardel.
Claro que já sei que ficou curioso em relação ao tema original. Por isso ele aqui está. Letra de Alfredo Lepera, poeta brasilero y música de Carlos Gardel.
E finalmente, o mesmo tema interpretado por Daniel Barenboim acompanhado pela Berliner Philharmoniker em 1998.
Gabriela Montero, a pianista venezuelana de que aqui já falei, vem a Lisboa em Fevereiro de 2013. O concerto terá lugar na Fundação Gulbenkian.
Gabriela Montero, além de exímia intérpetre de piano, é também conhecida pela sua capacidade de improviso.
No video que se segue, gravado em Caracas em 20 de Fevereiro de 2004, na Sala Rios Reyna, Gabriela faz um improviso delicioso sobre o Concerto para Piano Nº 20 de Mozart.
E claro que não podia deixar de trazer outro video, do mesmo concerto, onde antes Gabriela tinha tocado a versão original de Mozart, com a Orquestra Bolivar conduzida pelo maestro Rugeles Simon. Infelizmente o concerto está dividido em duas partes. Irei colocar aqui a versão ininterrupta quando estiver disponivel.
L'Arabesque é uma das primeiras composições de Claude Debussy.
Compositor francês da transição o sec XIX para o sec XX, incorporou o movimento cultural chamado simbolismo que antecedeu a música moderna.
Esta peça, ou melhor, os dois arabescos que constituem a obra L61, foram compostos enter 1888 e 1891. É considerada uma das primeiras obras impressionistas, e integra-se no movimento francês Art Nouveau.
No video que aqui trago quem toa o piano é Stephen Malinowski. O video e ele próprio uma pequena obra de arte.
Outra grande composição de Bogdan Ota, do seu album de estreia Day of Wrath: "Fantasy for Piano". Algures entre o grande tema instrumental e a delicadeza do piano, com traços de gótico e de drama.
O video, criado por um dos seus fans, é outra obra de arte, bem adequado ao tema.
Bogdan Ota é um compositor/pianista romeno que se tornou popular após ter aparecido num programa de talentos norueguês.
Esta forma de conseguir uma carreira não é geralmente uma grande garantia de sucesso, sobretudo no caso de artistas que não sejam cantores. Mas no caso de Bogdan Ota parece ter-se concretizado essa carreira. Talvez isso se deva à enorme capacidade que as suas composições e interpretações tenham de sensibilizar quem as ouve. Ou então ao talento que evidencia. De qualquer modo, é mais uma referência no panorama da música atual que vale a pena ouvir.
O seu primeiro album apresenta vários temas que agradam logo na primeira audição. Às vezes ao piano, outras vezes acompanhado por orquestra.
Como primeiro tema escolhi "A Glimpse of Happiness" do album "Day of Wrath".
Já aqui trouxemos o compositor/pianista italiano Ludovino Enaudi.
Hoje a peça escolhida é "Primavera" do seu album "Divenire". Este tema foi gravado pela Royal Philharmonic Orchestra dirigida pelo maestro Robert Ziegler e com o próprio Ludovico Einaudi ao piano.
Valentina Lisitsa é uma das pianistas da atualidade que mais deve ser ouvida. A sua capacidade técnica e interpretativa são notáveis.
Já aqui mostrei Valentina interpretando Beethoven ( Moonlight Sonata). Hoje vai tocar Schubert.
Em 1825, Schubert compôs um conjunto de sete canções para versos retirados do poema épico de Walter Scott "The Lady of the Lake", traduzido para alemão por Adam Storck. Este conjunto foi publicado em 1926 constituindo o seu Opus 52, sendo uma dessas canções "Ave Maria". Mais tarde Liszt elaborou três transcrições diferentes para piano.
Estas peças foram compostas com os textos traduzidos em alemão, mas com a clara intenção de serem utilizados também com os textos originais em inglês. A sexta dessas canções intitula-se "Ellens Gesang III" (Hino a Maria).
No poema de Walter Scott a personagem Ellen Douglas, "the Lady of the Lake" do lago Loch Katrine nas Highlands escocesas, acompanha o seu pai que foi exilado nas cavernas do Goblin por se ter recusado a acompanhar o seu anfitrião, Roderick Dhu, numa revolta contra King James. Roderick Dhu, líder do clã Alpine, parte para a guerra com os seus guerreiros, mas hesita quando ouve o som distante da harpa de Allan-bane que acompanha Ellen numa prece dirigida a Virgem Maria, pedindo ajuda.
A primeira apresentação desta canção terá sido no castelo da Condessa Sophie Weissenwolff na cidade austríaca de Stevregg. Foi-lhe dedicada tendo ficado Sophie conhecida ela própria como a "Senhora do Lago".
Não se conhece bem a razão pela qual esta canção passou a ser cantada com a prece católica romana "Ave Maria". Talvez as palavras iniciais dos versos tenham inspirado esta utilização. Mas na realidade esta versão é tão frequentemente utilizada atualmente com a prece católica que conduziu à ideia errada que a música foi composta com esta intenção.
De fato, se apreciarmos bem o conjunto, vemos que as palavras e a música não se adaptam bem, tendo os versos que ser estendidos ou repetidos para encaixarem no tema. Basta ouvir a "Ave Maria" de Gounod que foi composta originalmente com esta intenção, para ver a diferença.
Num piano austríaco - Bosendorf - está então Valentina Lisitsa interpretando a Ave Maria de um compositor austríaco - Schubert - numa gravação de 2011 em Hannover. Como se pode apreciar, o acompanhamento é tocado por duas mãos. Uma terceira é necessária para tocar a melodia. Depois, no segundo verso, uma quarta entra a tocar os arpejos. Finalmente, aos 3.25, uma quinta mão tem de tocar os arpejos a duas mãos. Eu sei que não se vê bem no video, mas Valentina tem realmente cinco mãos !!!
Como bonus, trago Joan Baez cantando Ave Maria com os versos escolhidos pelo próprio Schubert, em alemão, numa gravação de 1966.